"Uma mascara só encobre um rosto até que alguém aventure-se a arrancá-la."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E já são oito dias...

Oito dias sem pó. E cada vez mais fissurada.
O que me segura, são os amigos, que estão ajudando bastante.
Eles não me ajudam passando a mão na minha cabeça, ajudam ameaçando...
"V., se você fizer denovo, perdeu a amizade!"
Parece estranho, parece cruel, mas é o que está me segurando.
Amigos, muito obrigada pela ajuda. Se não fosse por vocês (e por um pouco de maconha), eu não estaria conseguindo.
V.M.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Novamente, fissurada.

Estava tudo indo em um ritmo lindo, maravilhoso.
Eu estava me divertindo muito, super feliz, e então essa MERDA de fissura volta.
Estou considerando seriamente se compro pó ou não. Só mais uma vez não me faria tão mal. Ou mesmo só de vez em quando...
Está horrível.
Foda.
V.M.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sobre a minha última vez.

Ontem usei pó pela última vez em minha vida. Foi horrível.
Comprei à tarde e resolvi esperar um momento especial para usar. Não consegui.
Estava na faculdade, à noite, quando a fissura se tornou insuportável.
Trombei com uma amiga e contei para ela que estava indo para a minha última vez. Pedi para que ela ficasse do lado de fora do banheiro e ela aceitou.
Como era a minha última vez, queria fazer no baque, não cheirar, e levei meus "apetrechos".
Despejei o grama de pó sobre o papel alumínio e, como não fazia isso há muito tempo, separei apenas 1/8 de grama para baquear, e não o usual 1/4.
Coloquei na colher, espirrei a água. Misturei bem e joguei a bolinha de algodão em cima. O algodão logo absorveu toda a mistura. Enfiei a agulha dentro do algodão e puxei o líquido. Dei umas batidinhas na seringa, para liberar o ar. Estava pronto.
Sentei no chão e me dei conta de que não havia nada com que garrotear meu braço.
Visualisei a veia mais próxima e me piquei. Não consegui pegar a veia. Tentei mais algumas vezes, e estava sangrando bastante.
-"V., você está bem?" - Minha amiga não sabia que eu estava baqueando. Saberia naquele momento.
-"S., você pode me ajudar, por favor?" - Eu sabia que ela nunca concordaria com aquilo, mas mesmo assim chamei. Estava fissurada demais, queria sentir o pó em minhas veias o mais rápido possível, e não pensei na aversão que ela tinha por aquilo.
Ela entrou no banheiro, olhou para as minhas coisas e fez uma expresão horrorizada.
-"Assim eu não vou te ajudar! Estou indo embora!!" - S. começou a sair, mas eu implorei para que ela ficasse. Estava com medo de ter uma overdose, depois de tanto tempo sem baquear. Depois de muita insistência, convenci S. a ficar. Ela voltou para fora do banheiro.
Me piquei mais umas duas vezes e então consegui achar a veia. O sangue se misturou com o líquido transparente e ficou leitoso. Apertei o êmbolo devagar, contando dez segundos. Baqueei.
Senti aquela coisa revigorante, maravilhosa, crescendo dentro de mim. O baque é assim, instantâneo.
Chamei minha amiga para dentro do banheiro, toda animada.Já estava separando as carreiras.
-"Bom, agora que já fiz do jeito que queria, vou fazer o resto de um jeito mais convencional!"
-"V., eu vou embora. Até amanhã. Se cuida."
Juntei minhas coisas para ir ao outro banheiro e limpei meu braço, que estava sangrando muito.
S. me olhou nos olhos. Seu olhar era um misto de pena e decepção e esse olhar me chocou de uma forma indescritível. Me abraçou e foi embora.
Cheirei o resto do pó, me sentindo desgastada e deplorável. Comecei a me sentir pior ainda. Achei um amigo e contei tudo o que havia acontecido. Foi uma boa conversa.
Outro amigo percebeu que eu estava transtornada e entendeu tudo. Quis conversar. Também foi uma boa conversa.
Tentei muito ligar para outros amigos, mas o telefone não atendia. Voltei para casa arrasada, sempre me lembrando daquele olhar.
Fiquei uma hora sentada nas escadas, e nesse meio tempo fumei uns 12 cigarros.
Deitei, mas não conseguia dormir. Pensava sem parar. Passou-se mais uma hora e resolvi tomar um banho. O banho lavou minha alma e me despertou a vontade de ser alguém melhor.
Demorei mais umas duas horas para dormir, por causa do efeito do pó. Mas algo ressoava em minha cabeça:
"Amanhã serei alguém melhor. Lutarei para ser alguém melhor e SEI que serei melhor."
Acordei umas 10 horas da manhã e comecei a organizar minhas coisas.
Arrumei minha cama, que não via um lençol há três semanas. Tirei as roupas da mala, organizei meu guarda-roupas.
Estou realmente decidida a ser alguém melhor. Vou voltar a me dedicar aos estudos e a me alimentar direito. Nunca mais vou usar pó, NUNCA.
Pois eu sei que conseguirei. SEREI alguém melhor! (:

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Decisão.

Decidi, com a ajuda dos amigos, que vou usar pó só mais uma vez, e então paro para sempre.
É lógico que minha última vez vai ser no baque. Será a última.
Não posso negar que a idéia de ficar para sempre sem pó me assusta, e muito.
É para sempre, é muito tempo.
Eu realmente gostaria de conseguir conciliar o uso com a minha vida, sem me entregar, sem cair no vício, mas descobri que é impossível.
Se, depois de três anos, volto a cheirar com a maior cautela e, da mesma forma, me vicio novamente, chego à conclusão de que não posso mais chegar perto de cocaína.
É triste, é horrível, mas é a minha realidade.
Quem sabe no futuro eu não seja forte suficiente para conciliar? Tomara!
Amanhã será meu último baque. A última vez. Nunca mais farei. Nunca mais me sentirei confiante, nunca mais serei feliz. Mas, também, nunca mais dependerei de uma COISA.
Confusão. Muita.
V.M.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Eu já não sei mais...

Não sei mais o que fazer. Sinceramente.
As aulas da faculdade voltaram há duas semanas, e eu faltei quase todos os dias. Compareci em apenas duas aulas e, para piorar, ainda saí na metade de ambas.
Não baqueei, consegui segurar por causa dos meus amigos, que não deixaram. Mas cheirei denovo na segunda-feira.
Estava num estado de fissura deplorável. Fui beber na casa dos meus amigos e dei meu dinheiro para V., para que eu não tivesse como comprar pó. Comecei a beber e, juntamente, tomei dois anti-alérgicos fortíssimos. Estava mal, triste e só queria apagar, já que cheirar ou baquear seria impossível.
A fissura começou a crescer e a crescer, eu não parava de olhar pela janela. Para piorar, há uma boca de fumo bem na frente da casa dos meus amigos...
Não aguntei. "V, me dá meu dinheiro, por favor!"
Ele: "V.M., você não vai baquear na minha casa..."
Eu: "Não vou baquear, vou só cheirar!!"
Ele me devolveu o dinheiro. Os traficantes não tinham mais pó para venda, mas me deram um pouco (uns 5 reais) de graça, pois já me conhecem. Na hora adorei, mas, pensando bem, agora acho isso um tanto deplorável...
O pó reagiu de alguma forma com o antialérgico e a bebida, e eu AMEI o resultado! Fiquei bem, mas não atormentada, como normalmente fico com o pó. Fiquei... Em paz!
Dormi lá mesmo e no dia seguinte fiquei realmente mal. A depressão bateu como nunca. Meus amigos me pediram para comprar maconha para eles e, quando fui, o traficante falou que só tinha pó. Bateu a fissura, mas eu resisti. Minha amiga falou que estava muito orgulhosa de mim. Acho que foi isso o que me motivou a não cheirar naquele dia. Dormi atormentada e irritada.
Acordei na manhã de quarta e consegui comprar maconha para os meus amigos. Fumamos.
Me sinto estranha quando fumo maconha. Não é para mim... Toda vez que estou fumando, sinto-me extremamente burra e começo a pensar o quanto pó é melhor que aquilo. Fico introspectiva, mesmo quando todos estão rindo. Mas fumei à tarde e mais duas vezes à noite. Por mais que eu não goste, estranhamente isso me ajudou a afastar a fissura do pó... Finalmente fui para a minha casa.
Ontem estava disposta para ir à aula mas, novamente, não fui. Encontrei um amigo e fomos beber no bar. Mais três amigas chegaram. Decidimos não ir para a aula.
Bebemos mais e resolvemos ir à faculdade à noite, para ver a chuva de meteoros. Não vimos muitos, e quando já estávamos quase indo embora, chegou mais maconha. Fumei denovo e, novamente, fiquei me sentindo burra. Isso não é para mim. Pó é para mim.
Pelo menos descobri que, fumando, eu afasto um pouco a fissura.
Hoje eu VOU para a aula, sem falta, senão logo reprovo por faltas... O único problema é que não tenho mais vontade. Ficar sozinha tem me apavorado, eu só quero estar bem e com os meus amigos. Penso na longa noite que vou passar sozinha hoje, e me desespero. Não pode ser assim, eu preciso conseguir ficar sozinha... E preciso ficar longe do pó...
O cômico é que, quando consigo ficar longe, como nessa semana, já tenho pó puro encomendado para segunda-feira. Eu não quero, mas quero. É estranho.
Tenho certeza de que esse post foi confuso e esquisito... Me desculpem, mas não estou bem. Espero estar feliz logo, para poder fazer deste blog algo menos "down"...
Obrigada a todos!
V.M.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Tempo relativamente pequeno. Excesso de informação.

Duas semanas se passaram desde a última postagem. É um tempo relativamente pequeno, mas a quantidade de informação contida nele me fez mal.
Passei uma semana fissurada na casa de meus pais, mas foi a segunda semana que me confundiu.
Voltei para casa, e M. veio me visitar, depois de três anos longe. Fiquei radiante, e no começo foi maravilhoso. Então ela simplesmete me trocou pela minha amiga. Incentivei as duas a ficarem, mas não esperava ser TROCADA. Bebi, bebi e bebi. Fiquei realmente destruída. Chorei escondida, e muito. Levantei a cabeça e me fiz de forte, mas a bebida não estava deixando. Implorei a atenção de M. de um jeito realmente patético, que não combina comigo. Não funcionou.
M. parou de cheirar há algum tempo e pediu para que eu parasse também. Eu havia concordado.
Após ter sido trocada, fiquei realmente brava, amargurada. Resolvi cheirar, só para desafiá-la. Se ela não se importava com os meus sentimentos, eu não me importaria com os dela e, de quebra, daria um "up". Cheirei.
M. ficou bravíssima e começou a me destratar. A "bad" começou a chegar, e eu a chorar. Me fechei no banheiro e chorei.
Saí de lá, novamente me fazendo de forte.
Todas as meninas foram dormir, e eu tive que deitar também. Fiquei a noite inteira acordada, sob o efeito do pó. Para piorar, era mesmo uma "bad". Finalmente dormi.
Acordei e o dia passou. Eu ainda estava atormentadíssima mas, novamente, fingi que estava bem.
A noite chegou e M. foi embora. Fui à casa dos meus amigos e houve a sugestão de mais pó. Aceitei na hora. Cheiramos a noite inteira. CINCO GRAMAS! No começo foi maravilhoso, mas chegou um momento em que eu só conseguia pensar na M. Sentei na área, chorei. Meu amigo veio conversar comigo. Quando o vi chegando, parei de chorar na hora, novamente me fazendo de forte. Conversamos e nunca senti tanta tranquilidade. Tive vontade de abraçá-lo e dizer o quanto ele é importante para mim, mas a MERDA do meu orgulho não deixou. Também conversei bastante com uma amiga que está em uma situação muito difícil. Ela me pediu ajuda e, de alguma forma, me senti completamente responsável por ajudá-la. E vou.
Chegou a manhã e, junto com ela, a vontade de morrer. Vontade e medo.
À noite teve uma festa. Eu cheirei mais.
Depois de quinta feira parei de cheirar, e a depressão veio. E como veio.
Chorei sem parar na sexta. Bebi sem parar no sábado. Saí andando à noite, sem rumo. Tive uma crise de pânico no meio da rua e me machuquei propositalmente. Pensei em suicídio mas, covarde como sou, não tive coragem.
Chorei o domingo inteiro, com um pensamento fixo.
Hoje de manhã roubei uma seringa do meu pai. Roubei bolas de algodão da minha avó. Roubei uma colher da minha colega.
Montei a seringa e guardei na bolsa, junto com os outros "apetrechos". Só estou esperando o momento certo. Seria tão ruim assim?
Tenho medo. Estou confusa.
Talvez, de alguma forma, o Baque me salve.
V.M.